quinta-feira, 20 de agosto de 2015

UM SELFIE DO BRASIL CONTEMPORÂNEO!


UM SELFIE DO BRASIL CONTEMPORÂNEO!


Elaborei um texto sobre o atual contexto social.


Um selfie do Brasil contemporâneo.

Estamos vivendo mais de uma década de cerco conservador que impõe sua pauta regressiva, sobressaindo a intolerância e manifestações de ódio e vingança. Esta violência não nasceu espontaneamente. Trata-se de uma realidade construída socialmente.
Veríssimo comentando as ameaças sofridas por Jô após ter entrevistado Dilma, afirmou que “o ódio nasceu antes do PT. Está no DNA da classe dominante brasileira, que historicamente derruba, pelas armas se for preciso, toda ameaça ao seu domínio, seja qual for a sigla. É inútil debater com o ódio exemplificado pela reação à entrevista do Jô e argumentar que o PT justifica-se no poder. Distribuiu renda, tirou gente da miséria e diminuiu um pouco a desigualdade social (...) São justamente estas conquistas que revoltam o conservadorismo raivoso, para o qual “justiça social” virou senha do inimigo (Veríssimo, L. F. em O Globo, 25/06/15). Na visão do autor, o ódio descreve a forma clássica da classe dominante reagir a qualquer ameaça de levante popular ao seu domínio secular.
Apesar disso, os cães ladram e a carruagem segue ao futuro. O Brasil comemora 12 anos de sucesso com a entrada de 40 milhões no mundo do trabalho, na economia e consumo. Feito histórico desta frágil coalizão de partidos, que implantou uma política neodesenvolvimentista, garantindo altas taxas de juros ao grande capital, assegurou rendimentos à classe média, valorizou os trabalhadores com ganhos salariais e políticas sociais, fazendo com que a crise de 2008, a mesma que sacudiu os EUA e Europa, chegasse aqui tardiamente.
Entretanto, com a queda do crescimento econômico, somado ao desgaste realizado pela mídia e oposição a esta coalizão, a temperatura do embate aumentou a pressão sobre o governo, evidenciando interesses contraditórios nessa disputa. Acontece aquilo que Veríssimo referiu, diante da implantação de políticas sociais, a classe dominante despiu a sua cara, incentivando e alimentando a massa na prática de atos de racismo, intolerância e ódio totalitário.
O prenúncio do ódio se percebeu na abertura da Copa, quando o mundo assistiu a classe dominante puxando o coro de barbaridades contra Dilma. Gente, que geralmente se “apresenta” educada até porque o ódio ela delega à população. O ódio é sutilmente terceirizado na programação da mídia monopolizada por meia dúzia de famílias (Globo, Band, SBT, Record, Veja, Folha e Estadão). Este monopólio familiar faz a luta ideológica cotidiana contra os interesses populares, fortalecendo o grande capital e os setores conservadores da vida política. Qualquer medida que venha fortalecer a classe trabalhadora e os setores médios da população é combatida diariamente por este cartel de TVs, rádios e grandes jornais familiares. Neste vazio, a mídia se encarrega de exaltar os valores conservadores, o consumismo, o individualismo e a violência como forma lidar com os conflitos sociais.
A ascenção social na década passada ocorreu dentro das regras de mercado sem ampliação da cidadania. As pessoas aumentaram seus ganhos econômicos, entretanto muitos não conseguem ler a realidade e discernir a disputa de futuro que é travada, pois são capturados pela opinião e interpretação dos “especialistas” da mídia familiar. Com a cabeça colonizada pelo cartel, o individualismo tornou-se o sentimento universal, causando nas pessoas a impressão de que o sucesso foi resultado tão somente do esforço e empenho pessoal. Neste contexto de interesses contraditórios, o dinheiro privado elegeu a bancada mais conservadora até agora. Segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) são 251 deputados na defesa da pauta conservadora (Ruralistas são 53, evangélicos 75, repressão 23, empresarial 217), restando uma minoria na defesa dos interesses da população. Assim, a bancada BBB (Bíblia, Boi e Bala) defende interesses específicos, mas sempre se une quando se trata de resgatar a bandeira conservadora da “Tradição, Família e Propriedade”.
Sentindo-se fortalecida, a oposição midiática e partidária endureceu o seu discurso político. Focou suas fichas na moralidade e desvio (crime, sexual, indolência) propondo punição dura. As políticas sociais são enquadradas como fomento à preguiça, indolência e falta de empreendedorismo dos pobres. Os profetas do atraso justificam até um golpe desde que interrompa a sua abstinência de poder, que não vem por meio democrático, visto contarem apenas com o cartel midiático, pois não têm povo, porque governaram séculos para si tão somente. Nove meses após a eleição ainda tentam um golpe “branco”. Iniciaram sua saga golpista mediante a recontagem dos votos, prosseguiram através da análise das contas de campanha feita pelo Ministro tucano, Gilmar Mendes, agora atacam as “pedaladas” fiscais...
O cerco conservador pretende impedir a aplicação da agenda de desenvolvimento do país para mantê-lo submisso aos interesses dos EUA-Europa. No seu lugar, os “especialistas” da oposição e do cartel familiar impõem sua pauta fundamentalista e excludente. Sob a batuta de Cunha, o Congresso aprovou a Terceirização, o Financiamento Privado, a Redução da Maioridade e a PEC da Bengala.
Estamos no auge de uma disputa político-cultural onde os setores conservadores estão tentando implodir a pauta de desenvolvimento do Brasil. O BRICS (Grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, India, China e Africa do Sul) está construindo um mundo multipolar para que o desenvolvimento planetário possa se sustentar sob a bandeira da paz e da cooperação entre todos os povos, deixando de orbitar debaixo das garras belicosas dos EUA-Europa. Cabe aqui a indagação do sociólogo Emir Sader: "Que Brasil, politicamente democrático, socialmente justo, culturalmente pluralista, economicamente desenvolvido, ecologicamente sustentável, internacionalmente soberano, humanamente justo e solidário, queremos?"
Você pode proceder como os golpistas intolerantes das marchas que pedem o fim da política e da democracia enquanto a carruagem passa ou se posicionar sendo um sujeito ativo neste embate. A conquista de um mundo melhor para todos está em nossas mãos, junto com os Movimentos Sociais, as pastorais, os partidos progressistas, entre outros, que estão dispostos a animar a sociedade na construção de um Projeto de futuro, que contemple a diversidade, sem intolerância, ódio nem preconceito. Para isto precisamos de reformas básicas, a começar pela democratização dos Meios de comunicação cartelizados por seis famílias, os quais realizam uma colonização ideológica contra os interesses da população, necessitamos de uma efetiva reforma política pondo fim ao investimento/financiamento privado, bem como uma reforma tributária progressiva, com taxas menores sobre o consumo e aumento do índice sobre o lucro das grandes empresas, dos bancos, das grandes fortunas e heranças milionárias (Psicólogo Moacir Francisco Pires)



Ótimo "selfie" e ótimo comentário!

Comentários

Elmer Flor Grande Moacir Pires, confesso que quase não acreditei ler um texto desses escrito por um pastor luterano... Há mais de 20 anos não vejo nem ouço de você, mas agora entendo a diferença, você fez Psicologia e abriu a cabeça para a questão sociocultural do nosso país. Só quero lembrar o depoimento do empresário Ricardo Semmler, de São Paulo (membro do PSDB, acredite), que diz que nos anos 70-80, em pleno "rigor" da Ditadura, concorreu com sua empresa em licitações da Petrobrás, e que não topou nem ganhou porque lhe pediram 5% de propina, quando no Petrolão a taxa era de 'apenas' 3%.. O título de seu artigo é "Nunca se roubou tão pouco"... É o ladrão de galinhas que vai para a cadeia, enquanto o barão do 'establishment' saqueou esse país por séculos 
impunemente. 'Parabéns pelo seu artigo!

Egon Starosky - Ótimo "selfie"  e ótimo comentário. Fico feliz em confirmar que cada vez mais luteranos não estão alheios ao fato de que a partir de 2016, 1% da população mundial vai ter sob seu domínio 51 % dos bens da terra e que os outros 99% vão ficar apenas com os demais 49%. Mesmo que não consigamos modificar esta situação, movidos pela "fé cristã" não podemos ficar calados. Não nos preocupemos com aqueles discursos dos que ouvem verdades apelam afirmando que nossa voz parece 100% certa e dos 100% errada, é uma maneira de calar e não dialogar já foi afirmado.

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