quinta-feira, 27 de novembro de 2014

MEU X NOSSO OU NOSSO X MEU?

LOUCOS PARA MANTER O QUE É "MEU"!
"Pai nosso que estás no céu"
História
"Coisa de Loucos!
Um homem visitava um hospício. O enfermeiro mostrava-lhe pacientemente os vários setores daquela casa.
Intrigado com a flagrante desproporção entre o número de funcionários e o de enfermos ali internados, o visitante perguntou:
- Vocês não têm medo de que os internos se unam e agridam vocês? Afinal, eles são em número muito maior!
O enfermeiro respondeu:
- Oh! Não, ninguém precisa ficar com medo. Os loucos nunca se unem.
(Comentário de um pastor: Muitas vezes quando olhamos nosso trabalho como igreja, internamente nossas congregações se parecem com esta história)."

Afirmação 
"Por vezes, em nossas igrejas, ouvimos falar que as nossas orações são muito umbilicais! Com isso se quer dizer que, quando estamos reunidos para o culto, não temos uma preocupação, ou muitas vezes nos esquecemos de orar por coisas, pessoas e acontecimentos que estejam além daquilo que os nossos olhos podem ver e longe do que as nossas mãos podem tocar! Ou seja, olhamos somente para o nosso umbigo: para as nossas tarefas; paras as coisas que estão ao nosso redor; para a nossa segurança e saúde; para aquilo que nós temos necessidade; para os planos e projetos que nós estamos fazendo! Nós somos o foco da atenção e o outro muitas vezes é esquecido! Justamente na oração, no momento em que se poderia colocar todas as coisas, nós e os outros, nas mãos de Deus." (Afirmação de um cristão assíduo aos Cultos)

REFLEXÕES A PARTIR DESTES TEXTOS

-  Certa vez alguém fez uma observação sobre o modo de celebrar a Santa Ceia/Comunhão/Partir do Pão, referindo-se à "questão do  cálice comum e individual", formas de compartilhar o vinho nas Igrejas Cristãs Evangélicas.  Não sei se ele cogitava além da questão do "comungar", o celebrar comunitário ao qual faria mais sentido o "comum", que julgo significativo. 
    Contudo, além desta simbologia outras questões  tão ou mais relevantes podem ser e até deveriam ser vistas no "comum". Aí entra a questão da "orações umbilicais" referida acima. Deveria entrar especialmente uma questão, pelo que se pode observar, longe da preocupação e da ocupação da maioria de nós que se diz "cristão". É a questão: como nós efetivamente vivemos nosso cristianismo, nossa fé cristã em relação ao nosso próximo, concidadão do nosso entorno, bairro, vila, cidade, estado, país, mundo. Somos nós o "foco" da atenção ou o outro? Parece que Atos 2, que relata sobre as atitudes dos primeiros cristãos, faz pouco sentido para nós, porque o interpretamos quase sempre como se referindo apenas aos do círculo cristão e quase nunca extensivo aos que não fazem parte desse nosso círculo.  
     Apesar de polêmico, incluo também a questão "exercer cidadania". Hoje mesmo tendo facilidades, nunca antes tidas, para manter-nos informados, estamos tão viciados em receber e aceitar as informações através de certas mídias que permitimos ser "manipulados" por interesses escusos,  quando deveríamos buscar em mais fontes para verificarmos a veracidade dos fatos antes de os aceitarmos e ou "comprarmos". Pode servir-nos de exemplo a atitude dos cristãos de Beréia, que ouvindo a "mensagem" averiguavam se as coisas de fato eram assim, mesmo tendo diante de si o apóstolo Paulo e seus companheiros. 
     Penso que até nossas orações, preces, particulares e comunitárias seriam muitas vezes muito diferentes, assim como as nossas opiniões e posturas diante de questões como: política, economia, religião, raça, gênero, etc, se tivéssemos esta postura.
     Quanto a questão de "unir-se" abordada no primeiro texto, a ilustração, é perfeitamente compreensível que "aqueles internos" não se unissem nem para se defender.  Mas loucura mesmo é, os membros de uma "igreja cristã" não se unirem em prol de suas tão nobres causas. Provavelmente estejam sofrendo do mesmo individualismo reinante no atual sistema predominante do mundo, materialista egoísta.
     Esta certamente é a razão porque são tão criticados, e as vezes até agredidos dentro da Igreja, aqueles que militam em função da inclusão social daqueles que são excluídos dos bens essenciais a dignidade humana. Para estes críticos e até agressores, unir-se é um fator ameaçador para o "status quo" daqueles que preferem defender seus privilégios do que serem solidários com os menos favorecidos.
     Parece mesmo que estamos todos "loucos para para manter o que é 'meu' enquanto o 'nosso' desapareceu, até nas "comunidades"?!?! Cristãs.
    Causa-me também profunda estranheza e até tristeza ouvir de irmãos na fé e amigos que tem críticas raivosas e odiosas a um governo, não que ele não possa receber críticas, mas é criticado exatamente porque a sua ação política principal é o 'nosso' no sentido de ações coletivas privilegiando especialmente os menos favorecidos. 
     Uma segunda razão que reputo como razão  destes alimentarem tanto ódio é o fato deles não terem sido ou não serem contemplados por privilégios que desejavam e desejam para realizar seus sonhos rumo ao seleto grupo da elite material dominante do mundo.
      Impossível coadunar a fé cristã com tais posturas!
      Se Deus nos amou tanto que não poupou seu próprio Filho colocando sobre Ele todas as nossas transgressões, isto não nos persuade a amar o nosso próximo, principalmente, o menos favorecido, num mundo tão desigual?
      Que o amor ao humano vença o amor aos bens materiais!!
       Que o "nosso" predomine sobre o "meu"!!
     

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