sexta-feira, 1 de agosto de 2014

SOLIDARIEDADE - A MAIOR DE TODAS AS BATALHAS

. SOLIDARIEDADE - A MAIOR DE TODAS AS BATALHAS
Emir Sader
O maior debate contemporâneo, aquele que reaparece cotidianamente, que praticamente cruza todos os maiores problemas que enfrentamos, é o da solidariedade. O aspecto mais negativo do vendaval avassalador com que o neoliberalismo tratou de se impor em nossas sociedades é o egoísmo.
Egoismo, individualismo, consumismo contra solidariedade, justiça, direitos – esta é maior batalhar ideológica e de comportamento, no Brasil e no mundo, atualmente. As expressões da postura egoísta são muitas: FHC dizia que no Brasil haveria milhões de “inimpregáveis”, isto é, de gente - segundo essa visão – demais, que não cabem “no mercado” – que é o critério da direita para saber quem cabe e quem não cabe. A direita espanhola usa a frase “Não cabemos todos”, para tentar excluir aos imigrantes do alistamento nos serviços sociais. Se trataria de governar para uma parte da sociedade – um terço, no máximo um pouco mais -, porque se fundam no critério do que cabe no mercado. Não pensam a sociedade como um todo, filtram o que o mercado torna possível, condenando o resto ao abandono. No Brasil de hoje, um país inquestionavelmente menos injusto do que era antes do governo Lula, se deveria contar com amplo apoio na questão mais importante que o país enfrenta: de ser uma sociedade para todos. Não somos um país pobre, pelos padrões internacionais, mas somos o país mais injusto, do continente mais injusto. Injusto, não pela miséria generalizada, mas pela distribuição de renda super desigual, entre os pólos de riqueza e de pobreza. O tema do “país para todos” deveria ser o critério essencial para definir a natureza do Brasil hoje, a quantas andamos, que futuro queremos para o país. Porém é de temer que o critério da situação de cada um – especialmente nos setores de classe média – seja o essencial. Enquanto a economia crescer e atender as demandas de grande parte da população, as pessoas se sentem contentes, apóiam o governo. Não parece que a extensão dos direitos aos até aqui sempre excluídos, os processos de distribuição de renda, o aumento sistemático do nível de emprego formal, entre outros aspectos inegavelmente positivos, sejam os critérios básicos para nortear o ponto de vista político das pessoas. Para a direita, é claro, se trata de tentar impedir que esse processo prossiga. Seu maior fantasma é o de uma adesão duradoura do povo a projetos de justiça social. Ela se ampara no mercado e nos seus critérios seletivos e excludentes. Para a esquerda, se trata de travar a maior de todas as batalhas: a luta pela construção de idéias solidárias, de fraternidade, de justiça, fundadas no direito de todos. Sem isso, se poderá avançar, conforme o sucesso econômico e a possibilidade de extensão do acesso a bens para todos. Porém, nosso critério tem que ser o da prioridade radical de incorporação aos direitos básicos dos pobres, da grande maioria, até aqui sempre marginalizada, do Brasil. Ajudar a que tomem consciência dos seus direitos, de quem são seus inimigos, de como podem e devem se organizar para garantir seus interesses e a continuidade dos projetos que os beneficiam. Ajudar a que sejam o sujeito fundamental na construção de um país justo, solidário, para todos. Aí se joga o futuro do país: na superação do egoísmo, do consumismo, dos critérios de mercado, pelos de justiça, de solidariedade, de direito para todos. ///////////////////////////////////////////////////////////////////// Depois de lido este texto do Prof. Amor Sader, faço as seguintes Propostas: 1) Gostaria de propor que os amigos, não levando em conta as referências aos governos de FHC e Lula, nem o fato de o autor ser um professor, cientista político, decididamente de esquerda, analisassem e conferissem o texto, avaliando o quanto do que é dito, podemos efetivamente ver como sendo questões que podemos aceitar, defender e com que podemos e até devemos contribuir para que se tornem realidade. 2) Que consideremos seriamente a possibilidade de incentivarmos nosso grupo de trabalho, de estudo, de família, de lazer ou outro a realizar debates em torno destes assuntos com o objetivo de contribuir para que atitudes individuais, coletivas assim como políticas públicas sejam norteadas pela solidariedade e a justiça e que incluam a todos, isto é, sejam efetivamente includentes e não excludentes. Egon, Rio/07/2014

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